segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Sigam a sugestão...

«A Opereta dos Vadios», de Francisco Moita Flores
Uma farsa política onde o humor e a ironia conduzem o leitor pelos meandros dos partidos políticos num país falido



De repente, o País ficou de sobrolho carregado. Zangado. A bancarrota revolveu os intestinos da política e entregou ao Povo um sarilho cheio de fome. A democracia, com a barriga cheia de teias de aranha, desatou a vomitar vermes. De testa franzida. Fazedores de milagres. Gente que perdeu a virtude do riso. Portugal transformou-se num protectorado alemão e o Zé Francisco, velho anarquista, exilado em Paris, com os seus amigos de sempre, vindos de todos os lados da política decidiram criar um novo partido político, dispostos a ganhar as próximas eleições. Um grupo de vadios intelectuais, sem eira nem beira, olhando desesperados para os sonhos antigos desfeitos em cinzas. E avançam, munidos de armas terríveis. A mais letal de todas elas é a gargalhada. Sem programa político, que é caro e ninguém lê, distribuem arroz PUN, provocam o riso e os vadios riem de si próprios. A democracia dos homens sisudos e sérios, cheia de cangalheiros formatados no mesmo fato de ideias feitas, estremece. A Direita e a Esquerda, ou vice-versa, embasbacam perante este movimento que sacode o país e lhe mata a fome. No meio da desorientação a polícia erra os alvos e os comentadores estrebucham quando são confrontados com um bando de bem dispostos.
É esta A Opereta dos Vadios. Não sei se será assim a política da bancarrota. Mas se for não virá nenhum mal ao mundo por causa de umas valentes gargalhadas. Afinal, mais vale um político que sabe rir do que uma legião de rapazes sisudos, de gravata escura, empenhados em levarem-nos até aos confins da amargura.

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